domingo, 4 de abril de 2010

O POLÍTICO MANDACARU

O ex-governador Ivo Cassol (PP), pré-candidato ao Senado, é o chamado político mandacaru: não dá sombra nem fruto e quem encosta nele ainda sai espetado.

É claro que há uma exceção, como no caso de subalternos do tipo Tiziu Jidalias, deputado estadual que traiu o PMDB para ingressar no PP e não perde a oportunidade de render vassalagem a Cassol; e ainda os ocupantes dos oito mil cargos comissionados do Estado. Mas estes não contam nas equações do ex-governador, pois podem ser descartados a um aceno de cabeça e sem maiores conseqüências, presentes ou futuras.

Não é o caso do ex-senador Expedito Júnior (PSDB), transformado por Cassol em inimigo desde o primeiro dia em que resolveu contrariar a vontade do ex-aliado ao lançar-se pré-candidato ao Governo do Estado.

O primeiro mandato de governador, Cassol deve a Expedito Júnior, pois o PSDB não queria um ilustre desconhecido de Rolim de Moura como candidato. Coube a Expedito convencer a cúpula dos tucanos a ceder a vaga a Cassol. O PSDB indicou a ex-deputada Odaísa Fernandes como candidata a vice-governadora na chapa que foi eleita. Na primeira oportunidade, Cassol traiu Odaísa e mandou um policial militar tomar-lhe inclusive o carro oficial. A então vice teve que recorrer à justiça para manter o gabinete, o carro, o salário e uns poucos assessores. Odaísa conheceu então o que é um político mandacaru.

No segundo mandato, Cassol e Expedito fizeram campanhas juntos e, inclusive, foram processados juntos por compra de votos. Somente Expedito foi cassado, mas, no tempo em que permaneceu no Senado, foi o único aliado verdadeiro – numa bancada federal formada por oito deputados e três senadores.

Expedito Júnior conseguiu se contrapor à senadora Fátima Cleide (PT), única integrante da bancada federal a ensaiar algumas críticas ao governador e ao Governo. Sempre que Fátima abria a boca, lá estava Expedito em defesa de Cassol.

Ao ser cassado por compra de votos, o ex-senador decidiu que seria candidato ao Governo. E aí azedaram suas relações com Ivo Cassol.

A princípio, o então governador não deu muita importância às pretensões de Expedito, pois contava dobrá-lo facilmente na primeira ocasião, como costuma fazer com todos que o cercam. E acreditava ainda que, com a cassação, Expedito sairia do Senado enfraquecido e fácil de ser manipulado.

Olhando não para as atuais eleições, pois considera-se vitorioso antes mesmo do início do jogo, mas para as eleições de 2014, Cassol escalou o então vice João Cahúlla (PPS) para candidato à sua sucessão.

E ainda: o ódio que Cassol nutre pelos senadores Valdir Raupp e Fátima Cleide o levou a considerar que a melhor maneira de impor uma derrota acachapante à dupla seria formar a chapa majoritária com Expedito Júnior na condição de candidato ao Senado.

Confiante que já ganhou a primeira das duas cadeiras ao Senado antes mesmo de começar a campanha eleitoral, Cassol decidiu que Expedito seria o chamado segundo voto na disputa para o Senado, mas esqueceu de combinar com o então aliado.

Expedito Júnior saiu do Senado fortalecido por uma série de vitórias, como a aprovação do projeto dos mototaxistas, a questão da dívida do Banco Beron e a PEC da Transposição.

E fincou pé na decisão de ser candidato ao Governo. Foi então que Cassol passou a ver como inimigo a ser destruído o homem que o lançou candidato a governador contra a vontade do PSDB.

O medo de Cassol em relação a Expedito tem um motivo muito claro e vai além das paranoias que acometem todos os detentores do poder absoluto.

O raciocínio de Cassol é que, de todos os políticos rondonienses atualmente em atividade e com capacidade de disputas estaduais, somente Expedito Júnior se assemelha a ele, tanto no discurso demagógico quanto em condutas que se poderiam chamar de pouco republicanas.

Asssim como Cassol, Expedito Júnior cultiva a fama de trabalhador, “de dormir tarde e acordar cedo”; gosta de se exibir em campos de pelada e faz política 24 horas por dia, sete dias por semana e 365 dias por ano.
Uma vez encastelado no Centro Político Administrativo (CPA), dificilmente Expedito seria desalojado de lá em 2014, quando disputaria a reeleição caso seja eleito em 2010.

Cassol não tem medo do ex-prefeito Confúcio Moura (PMDB) e do ex- deputado federal Eduardo Valverde (PT), pré-candidatos ao Governo. Se um dos dois for eleito, Cassol considera que a administração será fraca, incapaz de superar os “seus feitos”, e facilmente poderá ser derrotado em 2014, quando o ex-governador espera retornar ao comando do Estado. Já com relação a Expedito, a conversa é outra.

PERSEGUIÇÃO O ex-senador, antes fiel aliado, hoje é visto como alguém que tem que ser destruído a qualquer custo.
Por isso, Cassol já determinou que qualquer ocupante de cargo comissionado que mostre simpatia pelo ex-senador deve ser posto para fora do Governo sem nenhuma contemplação.

Determinou ainda que o Governo pressione os veículos de comunicação do estado a não ceder espaço ao ex-amigo.
Também investiu contra o negócio de vigilância que um dos irmãos de Expedito Júnior ainda mantém com o Governo do Estado.

Como as perseguições contra o ex-amigo que o lançou candidato ao Governo não estão surtindo efeito, Cassol agora tratou de passar a falar mal abertamente de Expedito Júnior, inclusive usando - como se dizia antigamente – linguagem de carroceiro para tratar o ex-aliado.

É uma estratégia perigosa, pois o eleitor, mesmo mediano, aquele que o ex-governador costuma convencer facilmente com seu palavrório oco, tende a desconfiar de alguém que trai tão facilmente aqueles que o ajudaram a colocar no poder e, pior ainda, sai por ai falando mal de quem o ajudou.

De qualquer forma, agora Expedito Júnior está sentindo na pele o que muitos outros já sabem de cor e salteado: como é espinhento ter estado ao lado de um político cereus jamacaru.

Para Ivo Cassol, primeiro vem ele, depois ele e, por último... ele novamente.

Da Redação do "Tudo Rondônia"
03 de abril de 2010

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